Apelo e Alento: janeiro 2012

Beatriz da Silva e Menezes nasceu em Campo Maior, Portugal no ano de 1426.

Seus pais pertenciam à primeira nobreza e eram aparentados à família real.

                 Campo Maior

Beatriz e seus irmãos aprendem com a mãe, a oração da Ave-Maria;

a pequena recomeça inúmeras vezes a oração, e talvez por sugestão

da mãe sempre completa invocando a proteção do Arcanjo Rafael.



A Sublime Senhora parece que se inclina sobre sua infantil devota.

Surge uma amizade que o tempo não destruirá.

Na família de Beatriz, Nossa Senhora, sob o título glorioso de

Imaculada Conceição é o centro da piedade religiosa.

Enquanto isso, uma notícia surpreende: o rei viúvo da Espanha, D. João II,

iria contrair núpcias com a Princesa Isabel de Portugal.

A jovem Beatriz, dona de uma rara beleza e de uma riqueza de caráter,

é convidada para ser a dama de inteira confiança e amizade da Rainha.



O argumento decisivo para ser a escolhida para entrar na Corte real,

foram os laços de sangue entre ambas.

A Rainha Isabel nota que sua dama de confiança atrai muitos olhares,

e está orgulhosa por serem do mesmo sangue; os condes e marqueses

estão fascinados com a beleza da portuguesinha.

A família real é contemplada com o nascimento da menina Isabel,

que recebe o mesmo nome da mãe. Beatriz pode cuidar da criança como

ama de estimação, e a pequena lhe mostra afeição e confiança.



Beatriz continua com sua ingenuidade interior, e não percebe as

manifestações de amor de seus inúmeros pretendentes, mas nota uma

pequena atitude na mãe rainha, que passa a lhe dirigir palavras ríspidas.

A rainha sente-se diminuída e ultrapassada pela beleza de sua dama;

Beatriz percebe que o ódio não respeita o próprio sangue familiar.



Finalmente acha um refúgio... o Convento de Santa Clara;

lá sente um aroma de paz, e cada vez se envolve mais com as Irmãs,

que são consagradas Àquele, que não conhece instabilidade

e que governa o íntimo das consciências.


Na Corte, o nome de Beatriz é mais pronunciado que o da rainha,

que já não esconde mais o seu ciúme...

Rumores confusos crescem pelos corredores do castelo, pois em

certas horas Beatriz não é encontrada; a rainha desconfia das ausências,

levantam-se suspeitas de sua integridade moral.



Um dia a rainha ouve um cochicho entre duas serventes... o rei infiel?

O ódio explodiu...e trouxe a ânsia de matar!

Todos sabiam do grande escândalo, menos as vítimas.


Um dia a rainha aparece pálida diante de Beatriz, e a convida para

um passeio; ambas seguem escadarias abaixo... e em corredores

subterrâneos... entram num salão úmido e escuro; a rainha inclina-se

num grande baú aberto, como se procurasse alguma coisa perdida,

manda Beatriz entrar para procurar no fundo, e num instante um estrondo...

a rainha trancou o baú, com a jovem espremida e abaixada.


Beatriz grita pedindo : " Não, Majestade, não fiz mal algum!..."

E a rainha grita sobre o baú: " Morra, peste... Apodreça viva!..."

e sai correndo, rindo porque em minutos, a infeliz estará asfixiada.



Espremida dentro do baú apertado, na escuridão total,

sem poder respirar, Beatriz vive um impulso de desespero:

quer viver, mas deve morrer; não consegue se mexer,

o ar começa a faltar; conforma-se em morrer.

A beleza física provocou o terrível transtorno; sobressai a Imagem da

Virgem, a quem tantas vezes invocou, e soletra a Ave-Maria, e como

despedida para sempre : " São Rafael, rogai por mim! ".



Mas uma alegria interior dilata a alma de Beatriz, alegria diferente...

Tudo parece claro, e uma figura suave se delineia à sua frente, linda...

parece a Senhora com o Menino Jesus nos braços.



Beatriz pensa estar sonhando, a Virgem parece falar... é uma ordem que dá.

Em seu íntimo, Beatriz afirma que se sair viva do baú assassino, dedicará

a sua vida, como recém-ressuscitada à Imaculada Conceição.



A Virgem ordena, numa voz sem som, que Beatriz levante um movimento

de jovens para homenagear a Sua Imaculada Conceição.

Um hábito religioso parece deliniar-se à sua frente... aliás idêntico ao hábito

da própria Virgem: vestido branco,manto azul, véu preto... e a Virgem

promete proteger a sua Ordem... que apenas existe na visão.

A Virgem se afasta vagarosamente, sorrindo e diz, que logo será libertada!

Beatriz sente uma liberdade interior, e uma felicidade como nunca sentiu;

agora se consagrou à Imaculada; o baú tornou-se um céu!



A rainha Isabel porém não tem paz, a palavra "assassina" ecoa

nos seus ouvidos; todos perguntam pela moça, até que o tio materno de

Beatriz posta-se diante da rainha e lhe exige o paradeiro da sua dama.

Finalmente, ela lhe diz :" Venha comigo!",

e repete a caminhada que fez há tres dias atrás. Leva-o até o baú; o tio atônito

abre o fecho e Beatriz sai e se lança ao pescoço do tio, agradecendo.

A rainha pálida, demonstra debilidade mental e se contorce de dor.

O tio João Menezes toma a sobrinha e sai a passos acelerados;

Beatriz lembra-se do amigo invisível Arcanjo Rafael.

Em plena madrugada, Beatriz foge do palácio, amparada pelo tio, e se dirige

para Toledo, a 250 Km de Tordesilhas, para o Mosteiro de São Domingos.

Beatriz não parece cansada; celebra a vida, e sua liberdade espiritual.



Em Toledo, é aceita no Mosteiro como hóspede; e após a porta da clausura

se fechar, se sente como num grande baú, onde o centro é a Eucaristia.

Beatriz não aceita o hábito religioso das monjas;

apenas toma uma decisão, o seu rosto que causou tantos transtornos,

ninguém mais verá; confecciona um véu branco que cai sobre o rosto,

e o consagra totalmente à Imaculada.



Trinta anos se passaram e a hóspede continua em trajes leigos,

mas com uma contínua paz que não depende de mais nada.

Nas suas visitas espirituais e interiores, a Imaculada insiste na

fundação da nova Ordem, cujo hábito continua vivo em sua memória.

Enquanto isso, na Corte aconteceu o casamento de Isabel com Henrique IV,

que se torna Rainha Isabel, a Católica; esta jamais se esqueceu da querida

Beatriz, e assim um dia foi visitá-la no Mosteiro São Domingos.

No encontro, Beatriz conta a história celeste que aconteceu no baú, e a Rainha

se alegra ao ver a predileção da Imaculada, e diz: " Quero colaborar..."


A Rainha toma nota dos desejos de Beatriz, que são os da Virgem,

e envia uma cópia das regras da nova Ordem ao Papa Inocêncio VIII,

ajuntando o seu desejo pessoal de vê-las aprovadas.

Um dia, Beatriz recebe a notícia por um mensageiro de que a nova

Ordem foi aprovada, e que a Bula da Aprovação seria enviada.


Num ímpeto de alegria, quis gratificar o mensageiro,

mas ele não foi mais visto. Após meses de espera, um novo mensageiro

lhe comunica o naufrágio do navio que transportava a Bula;

esmagada de dor, a comunidade reza por tres dias diante do Sacrário.



Um dia Beatriz vê um embrulho na sua cela: era a Bula autêntica,

aprovando na íntegra o pedido de Isabel e Beatriz.

Após os trâmites jurídicos, ocorre a solene proclamação

da Bula " Inter Universa ", e antes de despedir o povo, o Pe Garcia

marca para dentro de 15 dias a solene vestição da nova Ordem.

Beatriz retorna à solidão do Tabernáculo, e a Virgem

lhe aparece e diz : " Daqui a dez dias irás comigo..."

Beatriz se abala, pensa em quem cuidará da nova Ordem...

Subitamente, o recinto da Capelinha se ilumina espiritualmente;

a lamparina começa a bruxulear, e chega a se apagar por um instante

e já voltam as chamas mais luzidias. Sentindo a Presença penetrante

da Virgem, um voz suave surge em seu coração e diz:



" Tua Ordem há de ser como isto que acabas de ver... mas ela florescerá

e se multiplicará muito por todas as partes do mundo! "

Beatriz está com 66 anos e aceita o ponto final de sua vida.


No dia marcado para a vestição das religiosas, Beatriz é assaltada

por violenta febre, mas ainda cônscia, ela consegue balbuciar a

profissão religiosa; quando o seu veu é erguido para receber a unção

na fronte, um brilho celestial ilumina todo o rosto... e uma marca

em forma de estrela, aparece em sua testa, é o último brinde da Virgem.

A vestição da doze jovens ocorreu oito dias após a morte da fundadora,

e a própria Rainha Isabel, assume a responsabilidade pela Ordem da

Imaculada que como na visão da lamparina, ameaça ser fechado.

                                               A Imaculada venceu.



Beatriz faleceu aos 9 de agosto de 1492 e foi

canonizada apenas aos 3 de outubro de 1976;

em sua exumação, a marca da estrela em sua

fronte ainda era visível.

A Ordem da Imaculada contem ao redor

de 3000 membros, em 151 Mosteiros,

e a Casa Geral continua em Toledo, na Espanha.

É com imensa alegria e gratidão que observamos,

que na Promessa da Imaculada em multiplicar a Vossa Ordem,

em muitos países do mundo, Nossa Mãe não se esqueceu do Brasil,

onde temos o privilégio de ver as verdadeiras Casas de Nazaré,

em 17 Mosteiros Concepcionistas.

Oração a Santa Beatriz da Silva

Lembrai-vos ó Santa Beatriz da Silva, das muitas angústias e tribulações pelas quais passastes nesta vida, e intercedei por nós.
Ó Santa Beatriz, Virgem singularmente amada de Maria Imaculada, alcançai-nos a firmeza da fé, a santidade verdadeira, o amor ao próximo, a pureza de vida e o espírito de oração.
Dai-nos a graça que vos pedimos (pede-se a graça) pelo amor que tivestes a Virgem Imaculada.
Rezar 3 Ave Maria.
Rogai por nós, Santa Beatriz, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.
"Eu me consumi de zelo pela glória de minha Mãe Imaculada e Ela me livrou de muitas tribulações."